domingo, 30 de outubro de 2011

A nossa realidade é Deus

Caríssimos, não vos perturbeis no fogo da provação, como se vos acontecesse alguma coisa extraordinária. Pelo contrário, alegrai-vos em ser participantes dos sofrimentos de Cristo, para que vos possais alegrar e exultar no dia em que for manifestada sua glória. Que ninguém de vós sofra como homicida , ou ladrão, ou difamador, ou cobiçador do alheio. Se, porém, padecer como cristão, não se envergonhe; pelo contrário, glorifique a Deus por ter este nome. Assim, aqueles que sofrem segundo a vontade de Deus encomendem as suas almas ao Criador fiel, praticando o bem.” (I Pe 4, 12-13.15-16.19)


Deus Pai nos escolheu em Jesus Cristo antes da criação do mundo e nos selou com o Espírito Santo para podermos viver como filhos seus e fazer resplandecer a sua graça que nos foi concedida por Ele no Bem-Amado.(cf Ef 1). Portanto, a nossa vida é Ele, a nossa realidade é Ele. Não são as circunstâncias da nossa vida, não são a nossa família, ou a nossa profissão, ou as coisas que temos que determinam quem nós somos. Independentemente do que está à nossa volta, do que os outros nos dizem ou das coisas que nos acontecem, nós somos filhos e filhas de Deus, escolhidos pelo Pai, resgatados pelo sangue de Jesus e capacitados pelo Espírito Santo para vivermos a nossa vida dando testemunho de que somos filhos.

Tudo na nossa vida vai passar, a não ser pelo amor que recebemos e o amor que damos o resto é tudo passageiro. Só o amor não passa porque o amor vem de Deus e nós somos dele. Tudo na nossa vida pode mudar, só Deus não muda, Ele é estável, seu amor é sempre igual. Podemos perder tudo, mas não a Ele, Ele é para sempre, Ele é o nosso bem, a nossa riqueza, a nossa única certeza. Diante das dificuldades, dores, sofrimentos e perdas que invariavelmente um dia batem à nossa porta, é bom lembrar: a nossa realidade é Deus, não o que nos acontece.

Diante do sofrimento eminente Jesus disse: “Pai, se for possível afasta de mim este cálice”. Mas, logo em seguida falou: “Contudo não se faça a minha vontade e sim a tua.” Aceitando o que lhe vinha do pai Ele carregou seu calvário até o fim, até poder dizer “Tudo está consumado”. Recentemente, uma pessoa conhecida perdeu o filho jovem em circunstâncias trágicas e ela disse que lembrar de como Jesus aceitou o sofrimento a estava ajudando a carregar o seu. Dizia ainda ter aprendido que é preciso olhar para além do sofrimento e fixar os olhos em Deus. Alguém lhe falou de uma cruz feita com um buraco no meio, para nos lembrar de olhar para além da cruz, como Jesus fez, olhar para o amor de Deus, e não mergulhar no desespero e na dor da perda. Olhar para além da cruz é confiar no amor do Pai e na sua misericórdia, é confiar na sua promessa de que o Espírito Santo estaria eternamente conosco para nos consolar e nos ajudar a bem viver a nossa vida. Quem sofre em Deus, como cristão, fazendo o bem, sempre é consolado. Quem sofre fixando-se na dor e não no amor, conhece o desespero.

Que o Deus da paz conceda a sua paz, que é dinâmica, que realiza coisas nas nossas vidas, a sua paz que tem o poder de curar, para todos o que sofrem, os que estão doentes, os que perderam entes queridos e lhes dê também a capacidade de entender que o seu sofrimento não é vergonha, não é opróbrio, e sim uma oportunidade de testemunhar que são filhos, filhas de Deus.

Maria Beatriz Spier Vargas
Secretária-geral do Conselho Nacional da RCCBRASIL

quinta-feira, 20 de outubro de 2011

Dica de CD


Neste CD, o Amor e Adoração apresenta um repertório vibrante, fruto de oração e de uma profunda experiência com a Palavra de Deus. O álbum surpreende pelo estilo pop, pela harmonia dos instrumentos e também pelos vocais, que são executados por todos os integrantes.

Para selecionar as doze faixas do repertório, o ministério analisou mais de trinta composições. Das músicas escolhidas, dez foram escritas por membros do Amor e Adoração e duas são de outros autores: Pitter de Laura, que compôs Sou de Deus, e Samuel Ferreira, autor de O Pai te Espera.

Várias canções deste trabalho foram inspiradas diretamente em passagens bíblicas, como As Muralhas, que faz referência ao cerco de Jericó (Josué 6), Só quero a Ti, que inspirou-se na passagem de Marta e Maria, narrada no Evangelho, e O Melhor Tu tens pra Mim, inspirada no Salmo 125 (“Quem confia no Senhor é como o monte Sião: não vacila, está firme para sempre.”).

É um CD alegre, jovem, que desperta as pessoas para a oração e o louvor a Deus. Assim o ministério resume a essência deste trabalho: “Aquilo que gostaríamos de rezar ao Senhor, nós cantamos!”.

Confira como aperitivo a primeira faixa do CD: "As Muralhas"


sexta-feira, 14 de outubro de 2011

Dica de Livro


Nasci pra Dar Certo! Esta é a mensagem, transformada em livro, que Adriano Gonçalves não se cansa de transmitir aos jovens de todo o mundo.

Impactante como o Santos de Calça Jeans, a obra desafia o leitor a dar uma resposta à vida, a ser sal da terra e luz do mundo. A partir de sua própria história, Adriano pretende que outros descubram que também podem dar certo, fazendo-os entender que precisam ser felizes (ser santos).

Por isso, afirma que não interessam os erros do passado e as atitudes daquele tempo, o importante é começar a perceber Deus nos pequenos detalhes e fazer as escolhas que Ele escolheria para a nossa vida.

terça-feira, 4 de outubro de 2011

Obediência

“Pela profissão da obediência, os religiosos oferecem a Deus, como sacrifício de si mesmos, a plena entrega de sua vontade e por isso se unem mais constante e plenamente à vontade salvífica de Deus” (Perfectae Caritatis n. 14).

A prática das virtudes e o desejo da santidade são, nesta vida, preparação e desenvolvimento da vida eterna. Para o monge, constitui isso o conteúdo de sua vocação, pois este é convidado a viver já aqui na terra as realidades celestes. Para a realização desta tão sublime vocação, São Bento estabelece o recinto do mosteiro, como lugar propício ao seu desenvolvimento, é a chamada “escola do serviço do Senhor”.

Nessa escola, porém, a perfeição não é buscada como algo particular do monge, mas, comum a todos os membros desta comunidade que poderá chamar-se santa, já que somará mais que santos individualmente.

A comunidade é formada pelo Abade e pelos irmãos, a quem Bento dedica os capítulos 2 e 3 da Regra. É na obediência que encontramos o ponto fundamental de união entre essas duas partes, é ela o elemento vital que une todos os membros desse corpo único, que é o mosteiro. É pela obediência também que se viabiliza a prática da tão importante virtude da estabilidade, destacada por São Bento no capítulo IV de sua Regra, quando indica os instrumentos das boas obras, pois é por meio da autoridade que se evita tudo que perturbe a comunidade, ao passo que se realiza tudo que possa favorecê-la; se não há uma relação harmônica de obediência entre a cabeça e os membros do corpo é impossível haver comunidade e comunhão.

Podemos dizer que a obediência é o que caracteriza a vida do monge cenobita. É ela a alma do seu compromisso cristão.
Descrevendo os quatro gêneros de monges – anacoretas, sarabaítas, giróvagos e cenobitas – no capítulo I de sua Regra, São Bento caracteriza o “poderosíssimo gênero dos cenobitas” como “aquele que milita sob uma regra e um abade” (RB1,2), ou seja, que vive sob a obediência.

Para São Bento, a obediência não é apenas a aceitação e o cumprimento das prescrições das constituições e dos superiores pela obrigação, nem confere a ela o mero valor funcional, sendo necessário para o bom funcionamento da comunidade apenas.

Obediência em São Bento tem um sentido mais dinâmico e amplo; traz uma noção teológica e cristológica, uma noção que inclui tudo o que a Sagrada Escritura expressa com o complexo conceito de obediência.

Como tudo na vida do monge, a obediência, que é simultaneamente amor e serviço aos irmãos, é um sinal escatológico, isto é, tem uma referência à dimensão de eternidade da vida humana. Pelo voto de obediência, o monge coloca-se de maneira mais eficaz no mistério da vontade do Pai, aceito e vivido por Jesus. Por intermédio de seu voto, o monge entra diretamente no caminho escolhido por Cristo e participa com Ele da missão de levar o mundo a seu verdadeiro destino, o Pai.

Para compreender-se o sentido real da obediência que o monge professa, segundo Dom André Louf, é preciso fazer-se a distinção entre a obediência política e a obediência evangélica na comunidade monástica.

Segundo ele, ainda hoje, na espiritualidade corrente há uma confusão entre essas duas formas de obediência. A obediência política consiste em que os membros de uma sociedade prestem obediência a um chefe, em vista do bem comum e este, por sua vez, é obrigado a dar ordens a serviço do bem comum também.

A obediência evangélica está ligada ao sentido da procura incessante da vontade de Deus, à escuta dessa vontade e estar disponível a ela, entregando-se ao seguimento de Cristo até o Pai, passando pela morte. É claro que as duas são importantes e necessárias no mosteiro, porém, a primeira está dentro da dimensão da segunda. Bento não se esquece da organização material da Casa de Deus, no entanto, realça também nelas a realidade sobrenatural. “Veja todos os objetos do mosteiro e demais utensílios como vasos sagrados do altar” (RB.31,10).



Por um monge do Mosteiro da Transfiguração

Mosteiro da Transfiguração - Santa Rosa - RS – Bra
http://www.transfiguracao.com.br